Patologia das radiações
I - Alterações gerais
Alterações
patológicas que ocorrem nos tecidos após irradiação
Efeitos 'agudos' vs. crónicos
* Esta sistematização é
baseada apenas no tempo para a expressão dos danos
* Não descreve as alterações morfológicas
e estruturais que ocorrem após irradiação
Não confundir ...
... efeitos agudos com tecidos de resposta rápida
... efeitos crónicos com tecidos de resposta tardia
... efeitos crónicos com efeitos tardios
Efeitos agudos
* Ocorrem em tecidos de resposta mais ou menos
rápida mas ...
* São sempre devidos à deplecção
de células parenquimatosas
* O tempo para o seu aparecimento depende
da cinética das células alvo em causa
i.e. ocorrem precocemente em tecidos de resposta
rápida (esofagite - 1º mês) ...
... e tardiamente em tecidos de resposta mais lenta (pneumonite
- 3 meses)
* Podem ser reversíveis, dependendo
da dose e potencial proliferativo dos alvos
Efeitos crónicos
- Ocorrem em duas circunstâncias:
- Pela irreversibilidade e progressão
de alguns efeitos agudos (consequenciais)
- Devido à deplecção de
células críticas não parenquimatosas (endotélio,
fibroblastos)
Podem ser tambem designados respectivamente
por efeitos crónicos secundários e efeitos
crónicos primários
- Pela sua fisiopatologia os efeitos crónicos
secundários podem ocorrer mais precocemente
- Os primários ocorrem num tempo consistente
com a cinética das céluas alvo implicadas (pode
ir de meses a anos)
Em ambos os casos estes efeitos partilham algumas
características:
- Permanentes
- Irreversíveis
- Muito provavelmente progressivos
Recuperação
dos danos
Regeneração
- As células lesadas são substituidas
por células idênticas
- Leva à reversão total ou parcial
das reacções imediatas à radiação
- Órgão ou tecido volta ao estado
inicial, morfologica e funcionalmente
- Na ocorrência apenas deste mecanismo,
os efeitos tardios serão do tipo primário, i.e.
causados por deplecção de células não
parenquimatosas
Reparação
- As células originais mortas são
substituidas por células de um tipo diferente
- Geralmente motivada por doses mais elevadas
ou em volumes maiores
- Órgão ou tecido não
volta ao seu estado morfológico ou funcional prévio
- Possivelmente contribui para uma reacção
tardia de tipo secundário
- Qualquer dos tipos de reparação
ocorre em graus diversos
- A regeneração só é
possível para doses mais baixas
- Doses progressivamente maiores aumentam a
ocorrência do mecanismo de reparação
- Condições extremas, produzindo
danos extensos, podem evoluir para a necrose
-
- A Regeneração ocorre
com maior frequência ...
- ... após doses baixas ou moderadas
... em órgãos cujas cujas células estão
em divisão activa ou retêm capacidade para
o fazer (ex.: tecidos de resposta rápida: pele, mucosa
intestinal, medula óssea)
Nestes órgãos a Reparação
só ocorre após altas doses, que destruam um número
demasiado elevado de células parenquimatosas, tornando
a Regeneração impossível ou incompleta
- Por outro lado ...
- Tecidos e órgãos de resposta
tardia (pulmão, rim) têm uma capacidade regenerativa
limitada
Doses moderadas ou altas levam invariavelmente à Reparação,
com alteração de função
-
Tempo
- Tecidos de resposta rápida demonstram
alterações mais precocemente
- Reacções severas destes tecidos
cursam em simultâneo com respostas mínimas ou nulas
de outros tecidos
- Mais tarde, após a irradiação,
a situação tende a inverter-se
P.e.: Na irradiação de tumores
do pulmão, a pele exibe alterações durante
e pouco depois do tratamento, que desaparecem após alguns
meses, enquanto que o pulmão, exibirá alterações
de fibrose 6 a 12 meses depois.
Factores clínicos
influentes na resposta
Dose - volume - fraccionamento
* Radiodiagnóstico: dose baixa (0.5-1Gy)
volume limitado dose única
* Medicina nuclear: dose baixa (0.5-1Gy) volume alargado dose
única
* Radioterapia: dose alta (40-60Gy) volume limitado dose fraccionada
- Uma determinada dose quando fraccionada é
biologicamente menos eficaz do que uma administração
única da mesma dose
- A maioria dos órgãos e tecidos
demonstram menos alterações se a dose total for
fraccionada
- O grau de falência funcional de um
determinado órgão tem a ver com a proporção
do volume do órgão que foi irradiado
- Embora as alterações morfológicas
sejam as mesmas em toda a área irradiada essas alterações
são potencialmente mais perigosas se envolverem um volume
maior do órgão
- A estutura funcional de um órgão
também dita qual a influência da lesão de
apenas parte da sua estrutura funcional (série vs. paralelo)
Alterações
gerais nos órgãos
Alterações agudas: inflamação, edema, hemorragia, ulceração
Alterações crónicas: fibrose, atrofia,
ulceração, estenose, obstrução
O grau destas alterações depende
do tipo de radiação, da dose e da forma como é
administrada
Patologicamente não é possível
distinguir alterações crónicas primárias
de secundárias.
O tempo do seu aparecimento é o factor crítico para
a distinção
Necrose
falência dos mecanismos de raparação
representa o efeito secundário crónico extremo
- A resposta geral de um sistema é determinada
pelo órgão mais sensível desse sistema
- Em radiologia diagnóstica e medicina
nuclear as exposições são de pequena intensidade
e têm pouca expressão em termos de alterações
agudas. As alterações crónicas são
na maioria tardias e incidindo na oncogénese e teratogénese.
- Embora o risco seja mínimo ele existe
e tem que ser justificado pela pertinência do exame.
Pelo lado dos profissionais, as normas de segurança têm
como objectivo reduzir os riscos de exposição ou
minimizá-la porque mesmo doses baixas representam um risco
de saúde.
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