Patologia das radiações
II - Órgãos e sistemas
Sistema hematopoiético
Medula óssea
Medula vermelha
* Contém muitas células estaminais
* Responsável pelo fornecimento de células maduras
do sangue
* Predomina no feto e criança
* No adulto: costelas, diáfises de ossos longos, vértebras,
esterno, crânio
Medula amarela
* Conteúdo adiposo mais importante
* Pouca actividade funcional
Radiação
= redução do nº de células estaminais
Doses baixas: redução ligeira
- recuperação rápida
Doses moderadas: redução importante - recuperação
lenta
Doses elevadas: redução marcada - recuperação
mais lenta e/ou incompleta
Para níveis de dose mais elevados há
uma redução permanente do nº de células
estaminais com aumento do nº de adipocitos e tecido conjuntivo
Sangue periférico
* Exceptuando os linfocitos, as células
do sangue circulante são resistentes às radiações
* No entanto o sangue periférico exibe alterações
devidas às radiações
Estas alterações dependem da
sensibilidade das diferentes células estaminais e
do tempo de vida médio das células circulantes
Medula |
Nadir |
Recuperação |
Eritroblastos |
1 dia |
1 semana |
Mielocitos |
1 dia |
2-6 semanas |
. Megacariocitos. |
1-2 semanas |
2-6 semanas |
. Sangue periférico . |
Semi-vida |
Eritrocitos |
120 dias |
Leucocitos |
24 horas |
Plaquetas |
5-7 dias |
Hierarquia temporal: Linfocitos ==> Neutrófilos ==> Plaquetas/EritrocitosRisco de:
Infecções ==> Hemorragia ==> Fadiga e problemas
cardiovasculares (O2)
Pele
- Epiderme, derme, tecido conjuntivo/vascular e gordura subcutânea;
anexos
Ef. Agudos:
inflamação, eritema, descamação seca,
descamação húmida
Ef. Crónicos: atrofia, fibrose, alt.pigmentação,
ulceração, necrose, cancro
Sintomas: sensação
de calor, prurido, ardor, dôr
Sistema digestivo
Ef. Agudos:
Inflamação (mucosite, esofagite, ileíte,
colite, rectite/proctite), Ulceração; Hemorragia
Ef. Crónicos: Ulceração; hemorragia;
fibrose; necrose; estenoses
Sintomas: náuseas,
vómitos, diarreia
Sensibilidade crescente: recto/esófago
- cólon - estômago - intestino delgado
Sistema reprodutor
No Homem:
sensibilidade apenas no testículo
* Período fértil pós-irradiação
=> período estéril (temporário/definitivo)
* Esterilização temporária:
2.5 Gy
* Esterilização permanente: 5-6 Gy
* Não provoca impotência (!)
ou alterações nos caracteres sexuais secundários
* Produção de aberrações
cromossómicas - risco teratogénico
* Imagiologia e medicina nuclear (0.5 Gy)
* As doses usadas não provocam esterilidade mas podem
ocasionar alterações cromossómicas e/ou
mutações com implicação em gerações
futuras.
Na Mulher:
(Ovário) folículos pequenos, intermédios
e grandes contêm os óvulos
Sensibilidade crescente: pequenos, grandes,
intermédios
- Doses moderadas:
- - período fértil inicial (folículos
grandes que ovulam)
- esterilidade temporária (lesão dos folículos
intermédios)
- reversão (após maturação dos folículos
pequenos, mais radioresistentes)
-
- Doses mais elevedas podem produzir esterilidade
permanente
- A dose necessária reduz com a idade
(menor número de alvos)
- Uma dose superior a 6.25 Gy produz esterilidade
- Um problema maior é o da indução
de lesões genéticas - progenia anormal ou portadora
de aberrações evidenciáveis em gerações
futuras (imagiologia e m.nuclear)
Castração radiógena: menopausa artificial (alteração dos
caracteres sexuais secundários)
Olho
* O cristalino é a estrutura mais sensível
* Contém células em divisão activa que podem
ser lesadas e destruidas
* Não existe remoção das células
mortas ? cataratas
* Risco apartir de 2 Gy
* Incidência de 100% com 7 Gy
* Doses crónicas têm menos impacto que doses agudas
* Também existe morbilidade na irradiação
das glândulas lacrimais (> 40 Gy)
Sistema cardiovascular
- Vasculatura
- * Lesão nas células endoteliais
- Estimulação da divisão
* Destruição do endotélio - Indução
da formação de trombos
Resultado: oclusão vascular
Os vasos mais pequenos parecem mais sensíveis
(possivelmente pelo menor calibre)
Ef. crónicos:
petéquias, telangiectasias, esclerose vascular
Consequências:Hipóxia
tissular (necrose em casos extremos)
Atrofia e fibrose de tecidos e órgãos
Perda de capacidade funcional
Redução na capacidade para suportar traumatismos
- Coração
- * Doses baixas e moderadas: só alterações
no ECG
* Doses altas: pericardite, pancardite
RT no cancro da mama (esquerda) (<40 Gy:
risco reduzido))
Osso e cartilagem em crescimento
* Osso/cartilagem em crescimento (osteoblastos,
condroblastos): sens.moderada
* Osso e cartilagem maduros (octeocitos, condrocitos): radioresistentes
* Os danos na vasculatura e na medula óssea
são factores contributivos
* Cuidados na irradiação em crianças: Wilms,
neuroblastoma (vértebras/escoliose)
* > 20 Gy e < 2 anos de idade: alterações
marcadas no osso em crescimento
Figado
* Sensibilidade moderada
* O grandioso sistema vascular é a sua maior fraqueza
* A lesão rádica é secundária a alterações
na vasculatura
* Doença veno-oclusiva, hepatite rádica (fibrose
tardia - cirrose)
* Significado clínico em função do volume
irradiado
Sistema respiratório - Nariz, faringe, traqueia, pulmão
* Relativa radioresistência
* Resposta precoce/dose moderada: pneumonite rádica (inflamatória)
* Resposta tardia/dose elevada: pneumonite crónica (fibrose)
* 25 Gy (2Gy/fx) nos dois pulmões - risco de 8 %
* 30 Gy (2Gy/fx) nos dois pulmões - risco de 50 %
* A resposta depende do volume irradiado
Sistema urinário
- Rins, ureteres, bexiga, uretra
Nefrite rádica: perda de túbulos
(glomérulos sem alteração) => atrofia
=> insuficiência renal
* É uma ocorrência tardia (6-12
meses)
* 28 Gy / 5 semanas em ambos os rins: probabilidade elevada de
nefrite fatal
* Uma irradiação parcial permite doses superiores
com menor risco de sequelas
Sistema nervoso central
- Cérebro, espinal medula
- * As células especializadas não
se dividem: radioresistencia relativa
* A sensibilidade é ditada pelo componente mesenquimatoso
e vascular
- o Ef. precoces (células gliais): mielite
rádica ? necrose ? fibrose
o Ef. crónicos (vasculares): id.
* Maior radiossensibilidade da substância branca (+ glia
e + vasos)
* 50 Gy fraccionada: necrose tardia (diferenciar do tumor tratado
??)
* Na medula a senssibilidade varia com o volume e a localização
* A medula cervical é a mais sensível (< 45
Gy / 10 cm)
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