Doses de tolerância


A tolerância dos tecidos normais à radiação depende de múltiplos factores (dose total, dose por fracção, tempo de administração, débito de dose, volume tratado ...)

Olhando apenas para a irradiação externa para fins terapêuticos, o planeamento do tratamento procura evitar toxicidades elevadas nos órgãos e tecidos normais.

A dose de tolerância pode ser definida como aquela a partir da qual a taxa de efeitos secundários graves é demasiado elevada para justificar a sua utilização. A dose, tal como a gravidade dos efeitos secundários, depende em grande medida do órgão que considerarmos.

Doses de tolerância com fracções diárias de 2Gy (Dobbs et al, 1991)

. Cérebro 50-55 Gy
. Medula (10 cm, cervical) 44 Gy
. Plexo braquial 50 Gy
. Pulmão (todo) 20 Gy
. Pulmão (parte) 40-50 Gy
. Pericárdio 40 Gy
. Figado (todo) 20-30 Gy
. Tiroide 30Gy
. Pele (alopécia) 55 Gy
. Parótida (xerostomia temp.) 10 Gy
. Parótida (xeros. prolongada) 40 Gy
. Rins (ambos) 20 Gy
. Rins (1/3 de cada) 40-50 Gy
. Ovários (esterilização) 2-6 Gy
. Testículos (esterilização) 3-4 Gy
. Cristalino (cataratas) 5-10 Gy

A dose por fracção utilizada faz variar o efeito biológico de uma mesma dose total. Em termos práticos doses superiores por fracção implicam um efeito biológico superior. Infelizmente superior não quer dizer melhor, nomeadamente no que diz respeito aos órgãos de tolerância.

Com base neste princípio foram avaliadas, para diversos tecidos, as doses totais, administradas com fracionamentos diferentes, necessárias para obter os mesmos efeitos (curvas de isoefeito).

Curvas de isoefeito
Relação entre dose total e dose por fracção para diversos tecidos em animais de laboratório. As curvas para tecidos de resposta tardia (a cheio) têm um declive sistematicamente superior às dos tecidos de resposta aguda (a tracejado), i.e. os tecidos de resposta aguda têm uma sensibilidade superior ao aumento da dose por fração. Retirado de Hall (1988) citando resultados de Thames et al. (1982).